6 de fevereiro de 2012

I feel


Nada é o que parece ser. Nem eu mesma tenho sido o que parecia o que eu era. A vida fez tempestade e me virou do avesso, e ainda não sei qual é o lado certo. O passado é juíz no tribunal insano da consciência, ter memória é não ter paz. Os dias corroem meu corpo e minha mente numa velocidade absurda, e eu absorvo tudo, sem ao menos entender de onde vem e pra onde vai tanta coisa e tantas pessoas. Barulhos no meio da noite, raios de uma tempestade, amores, sol, céu azul limpído não me surpreendem mais... Um vendaval passou por aqui e levou de mim, talvez, completamente, minha alma e meus planos. Tenho dias cheios, noites prazerosas e a irritação se faz ar. Minha necessidade ainda é a de colocar tudo no lugar, muita gente foi embora,  sinto cheiros conhecidos de outra forma. Tudo o que era cotidiano é patético, e me pergunto por onde eu ando. Respostas, respostas inúteis, felicidade viciada, insônia, saudades. Dúvidas, dúvidas que me fazem não ter força pra entender o quanto é bom estar onde estou. Não sei mais o que eu quero, apenas sei o que não quero mais, o que não quero outra vez. Como diria Fernando Pessoa, é o meu momento de travessia, preciso mudar de pele. Minha bibilioteca semi-destruída aos pouquinhos vai sendo montada outra vez, e do nada um vendaval vem e limpa as prateleiras outra vez. Tenho medo da substituição, medo da insônia no desconhecido, Deus eu nunca quis tanto estar em solo conhecido como quis hoje, e graças que estou aqui.

Nada mais será como antes. Saudades do frio, do frio acolhedor, saudades do meu irmão e do nosso mundo de planos. As coisas mudaram muito, eu mudei muito, e hoje eu entendo que nada, nunca, é o que parece ser, amanhã ou depois tudo muda, a vida veio e alterou o roteiro, o cenário e os personagens. Sempre acreditei na minhas verdades, e mesmo que fossem todas temporárias,  elas eram reais, e hoje eu vejo e falo que por mais reais que tenham sido foram inúteis e hoje são apenas algumas páginas do livro que ainda estou escrevendo. A gente entende que Luís Fernando Veríssimo tem razão quando diz que devemos reconhecer um amor quando ele surge,  a gente entende que Martha Medeiros está certa quando disse que internamente sempre temos as respostas, a gente entende que entender o mundo é impossível... E a gente aprende a dar valor ao aconchego do lar, ao aconchego de um abraço.

De todas minhas experiências recentes a mais surpreendente foi a que me fez ver que o álcool não foi e não é (até agora) meu amigo, desce pela minha gargante cortando a alma e me fazendo lembrar que o real jamais se modificará. 
O calor de outro corpo esquenta e altera o batimento cardíaco a medida que os dias passam, tendo dias que um corpo é apenas mais um corpo. Olho meu mundo sentado em uma poltrona, vejo meu mundo no escuro e noto o quanto, hoje, eu desconheço dele.
Tudo o que eu tive era o bastante pra viver, tudo o que eu tenho é o bastante pra me confundir... Procurei maneiras de estar perto de quem está longe e entendi que não era a hora errada, mas sim que eu estava na hora errada no local errado, atrás de ilusões erradas.  Talvez seja uma ironia do  inconsciente, mas descobri que não posso me sentir presa, não posso ter a sensação de estar em lugar pequeno e quente por muito tempo, e isso me faz pensar até onde eu consigo ir com tudo o que é novo e quente.


Eu ainda sou de verdade. Minha mente ainda funciona. O que pulsa nas minhas veias é vermelho, e eu ainda acredito em acreditar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário